FUNEC – FUNDAÇÃO DE
ENSINO DE CONTAGEM – UNIDADE INCONFIDENTES
Disciplina:
Biologia
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Professora:
Daniela Versieux
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Turno:
Matutino
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Turmas:
3ºA, 3ºB, 3ºC, 3º Integrado
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Transfusões
e grupos sanguíneos: pequeno histórico
(Texto adaptado de CÉSAR e SEZAR. BIOLOGIA.
São Paulo, 2005, págs. 59 e 60).
O conhecimento sobre os grupos
sanguíneos é de grande importância em situações que requerem transfusão de
sangue – cirurgias, acidentes em que tenha havido forte hemorragia, por exemplo.
Os grupos sanguíneos foram
descobertos há pouco mais de cem anos e são determinados geneticamente, como um
caráter mendeliano.
Em medicina, a ideia de que as
transfusões são úteis e podem salvar vidas é bastante antiga. No entanto, foi
somente no começo do século XX que se compreendeu que, numa transfusão, era
necessário haver compatibilidade entre
o sangue do doador e o do receptor, para evitar acidentes graves. Vejamos como
as ideias a esse respeito se desenvolveram com o passar do tempo.
Em 1665 foram feitas transfusões de
sangue entre cães, que conseguiram sobreviver. Na mesma época, na Inglaterra e
na França, tentou-se transfundir sangue de animais para seres humanos,
usando-se ovelhas como doadoras. No entanto, por causa da alta taxa de
insucesso, em 1678 essas transfusões foram proibidas pela Sociedade de Medicina
de Paris.
Veja um fato curioso. De 1873 a
1880, nos Estados Unidos, alguns médicos transfundiram leite de vaca ou de cabra para pacientes humanos! Depois de várias
reações indesejáveis, o leite foi substituído por uma solução de água e sais
minerais. Até hoje, quando há perda de grande volume de líquidos do organismo,
faz-se a reposição injetando-se na circulação do paciente soro fisiológico, uma
solução salina.
A primeira transfusão de sangue
entre seres humanos ocorreu em 1818. James Blundell, um obstetra[1]
inglês, estava enfrentando uma séria hemorragia numa de suas pacientes, logo
após o parto. Com uma seringa, o médico ia retirando pequenas quantidades de
sangue do braço do marido da paciente e injetando na circulação da mulher. Até
1830, Blundell realizou dez transfusões, cinco das quais bem sucedidas.
Em 1900, o médico austríaco Karl
Landsteiner descobriu os diferentes grupos sanguíneos do sistema ABO na espécie
humana.Misturando, em lâminas de vidro gotas de sangue de pessoas distintas,
observava às vezes aglutinação das
hemácias: elas aderiam umas às outras. Em outras situações, a aglutinação não
ocorria. Nesses casos, a aglutinação é característica de reação
antígeno-anticorpo.
Compreendeu-se assim que, nas
transfusões mal sucedidas, as hemácias do doador se aglutinavam na circulação
do receptor, obstruindo os finíssimos capilares, o que podia levar à morte.
Entre 1914 e 1916 foram descobertas
substâncias anticoagulantes[2],
como o citrato de sódio, que permitiam o uso de recipientes na transfusão e a
preservação do sangue por um tempo maior. Os anticoagulantes mudaram
radicalmente o procedimento de transfusão: antes o sangue era transferido
diretamente da veia do doador para a do receptor. Agora, o doador e o receptor
não precisavam mais estar no mesmo local e na mesma hora; o sangue podia ser
armazenado e posteriormente transfundido. Essa técnica foi utilizada na
Primeira Guerra Mundial, durante a qual surgiram os “depósitos” de sangue,
origem dos modernos bancos de sangue.
Em 1940, Landsteiner e seus colaboradores
descobriram outra categoria de grupo sanguíneo: o fator Rh, que mais tarde
permitiu elucidar certos casos de anemia em recém-nascidos.
Foi também em 1940 que se desenvolveram
processos de fracionamento[3]
do sangue. Pode-se então separar as células – hemácias, leucócitos e plaquetas
– da parte líquida, o plasma, além do fracionamento do próprio plasma em
albumina, fibrinogênio e gamaglobulina. A separação desses elementos permitiu o
uso terapêutico de cada um deles isoladamente. O concentrado de hemácias, por
exemplo, é usado em casos de hemorragias (acidentes ou cirurgias) e em certos
quadros de anemia. O concentrado de plaquetas é usado nos casos de pacientes
com deficiência no número de plaquetas no sangue. O plasma pode ser congelado e
conservado por muito tempo. Nos casos de grande perda de líquidos, como nas
queimaduras, por exemplo, é necessário repor a albumina no organismo.
Atualmente, várias substâncias sintéticas
estão sendo pesquisadas como possíveis substitutos para o plasma e até para o
sangue.