terça-feira, 6 de janeiro de 2009

O efeito que propagandas têm sobre a mente é algo impressionante. No início de 2009 vemos os canais televisivos do Brasil chamar de confronto, conflito ou guerra o massacre que Israel realiza contra os palestinos. O saldo de mortos de cada lado já devia ser suficiente para ver a assimetria de forças: 500 palestinos contra 2 israelenses.

Estes dias, conversando com um policial no meu trabalho, tentava mostrar que o MST era a verdadeira vítima nos conflitos agrários. O saldo de mortos nos últimos 20 anos beira aos 1.700. Por outro lado, que eu saiba nunca morreu um fazendeiro, policial, juiz, membro da UDR ou qualquer outro que tenha se manifestado contra a Reforma Agrária. Mesmo assim, nada no mundo o convenceu que o MST mata, rouba e se associa a bandidos.

O quadro na Venezuela também pode ser retratado desta forma. No Brasil, a maioria o vê como um demônio, ou tem sérias ressalvas e preocupações com sua figura. A associação de Chávez com a violência ou outra coisa negativa é automática. Mas, se pegarmos a análise crua, sem maiores rodeios, observa-se exatamente o contrário. Nos 18 dias que fiquei na Venezuela foram assassinados 6 dirigentes sindicais chavistas e 11 camponeses também chavistas. Nos 10 anos de Chávez no poder, o número de camponeses chavistas assassinados beira aos 800. Nas regiões em que a oposição retomou o controle, viu-se em apenas 4 dias, agressões aos cubanos das missões médicas, incêndio de postos de alfabetização, agressões físicas e ameaças aos que participam das diversas missões presentes na Venezuela. Henrique Capriles Rodonsky o novo “prefeito” oposicionista da região de Baruta em Caracas é um que aparece na filmagem de um grupo enlouquecido que tentava invadir a Embaixada cubana na época do golpe e diziam que eles (os cubanos e suas famílias, inclusive crianças) teriam que comer os sofás para saciar a fome, pois nada entraria ali. Ledezman que ganhou a região metropolitana de Caracas foi indicado a dedo para prefeito em 1992, por Carlos Andrés Peréz, o responsável pelo massacre de 3.000 venezuelanos no Caracaço de 1989. Todos os principais dirigentes da oposição apoiaram o golpe de Estado de 2002 que em dois dias, fecharam Congresso, destituíram presidente, ministros, juízes, fecharam o canal público, prenderam chavistas, etc...

E quantos dirigentes oposicionistas foram mortos? Até onde eu saiba nenhum. Presos, somente os que foram autores materias ou intelectuais de crimes. Ou seja, criminosos. E o que fariam estas pessoas com a presidência na mão?

E se fazem tudo isto e pouca gente é incriminada é razoável supor que a oposição detem uma fatia considerável de poder: poder do dinheiro, do latifúndio, de grande parte do judiciário, de parte das polícias, de todos os canais de TV privados, de grande parte dos jornais e revistas, e principalmente o poder financeiro e logístico dos EUA. Do contrário ficaria esquisito, não? Morrem mil chavistas e nenhum oposicionista. Pouca gente que se diz da oposição é condenada, mas ainda assim Chávez é o Ditador de plenos poderes e a grande ameaça à paz e a estabilidade.
By Cristiano Scarpelli

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